Após ser destruída por escavações amadoras, a área dos sambaquis foi protegida por cercas e cartazes de advertência do Iphan
Capão da Canoa é um antigo balneário que, no início do século passado, já abrigava veranistas em busca de sol e mar. A praia de Xangri-lá, bem mais jovem, desmembrou-se do município de Capão somente em 1992. Bem antes disso, no início dos anos 1950, a área começou a despertar o interesse dos homens de negócios. A construção do Hotel Termas Xangri-lá (demolido em 2006), a partir de 1955, foi decisiva para o desenvolvimento da região, que começou a ser ocupada, naquela época, por casas de veranistas. Como se pode ver na foto P&B, ainda em 1975, a Avenida Paraguassu era bastante deserta. Para quem se deslocava por ela em direção ao Sul, na planície deserta, uma estranha duna, formada por muitas conchas além de areia, à direita, chamava atenção. Uma reportagem publicada na imprensa no início dos anos 1960 esclareceu que se tratava de um sambaqui.
Detalhe da placa do sítio arqueológico de Xangri-lá
Sambaqui, palavra de etimologia tupi (tamba = conchas, ki = amontoado), de acordo com a Wikipédia, significa depósito construído pelo homem pré-histórico (por volta de 4.500 a.C.),constituído por materiais orgânicos e calcários, que pode conter equipamentos primitivos de pesca e até objetos de arte. Alguns grupos indígenas utilizavam os sambaquis como santuário, enterrando neles os seus mortos. Bastou sair a notícia para que alguns veranistas, por curiosidade, inconsciência e espírito de aventura, se organizassem em "expedições" predatórias. Munidos de pásou colheres de pedreiro, se lançaram a "escavações arqueológicas" amadoras. Sem atentar para o dano, muitos ossos humanos foram encontrados e retirados do local pelos "pesquisadores".
Foto da Avenida Paraguassu no ano de 1975
Mais tarde, providências foram tomadas e a área, hoje cercada por casas de moradores e veranistas, foi protegida por cercas e cartazes de advertência de que "constitui crime invadir sem autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) ou retirar qualquer coisa do local". Se você que está na praia quiser conhecer o local, basta ir pela Avenida Paraguassu e entrar na Avenida Rio dos Índios (uma quadra depois do Supermercado Nacional, de Xangri-lá, sentido Norte-Sul) à direita. No final da via, você vai encontrar esse testemunho do nosso passado remoto.

Fonte: ClicRBS
Ricardo Chaves