Apesar do destaque para a região praiana, a campeã em ganho percentual de moradores foi Araricá, no Vale do Sinos
Percebida nos últimos anos e potencializada pela pandemia, a migração da população gaúcha para municípios litorâneos foi confirmada pelo resultado do Censo Demográfico de 2022. Divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (28), o levantamento aponta que sete das 10 cidades que mais cresceram no Rio Grande do Sul desde 2010 estão no Litoral Norte. Veja, ao final desta matéria, a lista completa do crescimento dos municípios do RS.
A reportagem de GZH procurou representantes das prefeituras dos cinco locais com maior aumento populacional: Araricá, no Vale do Sinos, e Imbé, Capão da Canoa, Arroio do Sal e Balneário Pinhal, no Litoral Norte. Na região das praias, houve pouca surpresa – as administrações já identificavam há anos uma mudança no comportamento dos seus frequentadores, que foram permanecendo para além das férias, estendendo a estadia por meses ou, até, não voltando mais para suas cidades natais.
Prefeita de Balneário Pinhal e presidente da Associação dos Municípios do Litoral Norte (Amlinorte), Marcia Tedesco comemorou a vinda de novos habitantes para a região e destacou que não se pode mais considerar os municípios praianos como sazonais.
— Com a pandemia, as pessoas criaram o hábito de praticar atividades que envolvam menos aglomeração, e muitas delas escolhem passar os finais de semana com a família, na praia. Hoje, somos uma região que tem vida o ano inteiro, e o governo precisa considerar essa mudança na hora de pensar em seus investimentos — destaca Marcia.
Os gestores municipais avaliam que o número de habitantes é, potencialmente, até maior do que o identificado no Censo, suspeita motivada pela quantidade de cartões do Sistema Único de Saúde (SUS) cadastrados em suas unidades básicas, de 40% a 80% superior à população levantada pelo IBGE. Mesmo assim, dizem que estão dando conta do aumento na demanda por serviços como atendimento médico, vagas em escolas e comércio em geral.
— Trabalhamos para manter a cidade limpa, organizada e segura. Apesar de ficarmos localizados entre dois municípios com índices mais altos de violência, Imbé tem um índice baixíssimo, devido à parceria com os órgãos policiais estaduais e à nossa Guarda Municipal. Nosso tempo médio de resposta a ocorrências é de três minutos. Muitos vêm morar aqui por isso — ressalta Luis Henrique Vedovato, prefeito de Imbé, segunda cidade que mais cresceu entre 2010 e 2022.
Há 35 anos, quando foi emancipada de Tramandaí, Imbé contava com uma população de 3 mil habitantes. Hoje, tem 26,8 mil. Em 12 anos, o aumento foi de 51,81%. Entre os perfis dos novos moradores, segundo Vedovato, estão aposentados e pensionistas, mas também pessoas ainda economicamente ativas, que trabalham em home office ou no modelo semipresencial – como a cidade fica a pouco mais de 100 quilômetros da Região Metropolitana, o “vai e vem” se torna viável.
Além de ser o terceiro município do RS que mais ganhou população percentualmente, Capão da Canoa teve o quarto maior acréscimo numérico de habitantes – foram registradas 21.554 pessoas a mais do que em 2010, o que representa um aumento populacional de 51,27%. A expectativa, conforme o secretário de Turismo e Desenvolvimento Econômico da cidade, Marcelo Ramos, é de que a ampliação numérica siga nos próximos anos.
— Tivemos um aumento espetacular nos últimos anos, muito porque temos estruturas imobiliárias muito boas, além de uma infraestrutura de serviços muito desenvolvida. Acho que isso fará com que a cidade aumente ainda mais — analisa Ramos.
Com o crescimento, o município tem enfrentado um desafio especialmente na oferta de vagas em escolas. Atualmente, de acordo com o secretário, há uma fila de espera de 150 crianças, mas a busca é por zerar o número.
Mais ao norte, Arroio do Sal costuma receber, especialmente, pessoas vindas da Serra. Mesmo nos meses de inverno, o prefeito da cidade, Affonso Angst, relata que a “fuga” do frio leva muitos moradores a irem para o litoral e lá ficarem.
— Temos uma média de quase 800 construções de casas por mês. Arroio do Sal está em plena expansão. Se, antes, as pessoas ficavam 30 dias na praia, agora ficam meses — comenta o gestor.
Com a chegada de tanta gente, a arrecadação com IPTU aumentou, e os investimentos em infraestrutura, também. Angst considera que, hoje, consegue dar conta da demanda por vagas nas escolas e de atendimento básico em saúde, oferecido 24 horas. Mas, na região, a Amlinorte tem reivindicado ajuda federal para ampliar o número de leitos em hospitais, além da criação de um centro de oncologia.
Fonte:
GZH: 29/06/2023 - 19h43min
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