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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Um sonho da época que se tornou realidade por um determinado período.

O luxuoso hotel que foi erguido sobre uma enorme e inóspita planície de areia em Xangri-lá, nos anos 1950

Construção contava com 50 apartamentos e chegou a ter, inclusive, uma piscina térmica com água do mar.


RICARDO CHAVES







Armênio Abascal Meireles / Agencia RBS
Hotel Termas Xangri-lá, em 1976. Armênio Abascal Meireles / Agencia RBS.
“Acontecimento de relevo no setor de veraneios foi sem dúvida a inauguração do Novo Hotel Cassino Xangri-lá, em Capão Alto. Arquitetura moderna rivalizando-se com o que de mais avançado existe, no mundo, em estações de veraneio...” Dessa forma o jornal Pioneiro, de Caxias do Sul, em sua edição do dia 2 de março de 1957, apresentava o que um outro órgão da imprensa gaúcha dizia ser “sem favor nenhum, o mais arrojado empreendimento arquitetônico à beira-mar”. 
Armênio Abascal Meireles / Agencia RBS
Sem favor nenhum, o mais arrojado empreendimento arquitetônico à beira-mar”, dizia a imprensa na época da inauguração. Armênio Abascal Meireles / Agencia RBS
Exageros à parte, na verdade, foi mesmo uma ousadia o Grupo Capão da Canoa, comandado pelos empresários José Agostinelli, Ramiro Corrêa F. da Silva, Milton Gonçalves da Silva e J.J. Selhane, erguer, naquela época, no meio de uma enorme e inóspita planície de areia, um hotel que buscava a excelência no atendimento aos seus hóspedes.


Na última quarta-feira, este Almanaque fez referência às dificuldades para a construção, em 1953, da primeira casa de Xangri-lá, localidade, então, chamada de Capão Alto. Pois, logo em seguida, foram iniciadas as obras do hotel.


Na seção “Cock-tail Social”, num dos principais diários da imprensa gaúcha, a colunista Lígia escreveu: “Exemplo concreto dos novos tempos é o Hotel Xangri-lá, em Capão Alto. Amplo, moderno, bem instalado, além do banho de mar, a gente vive e se diverte melhor. Isso porque aquele hotel tem uma equipe ativa 24 horas por dia para proporcionar um serviço eficiente. A começar pela recepção, passando pela gerência e pelo restaurante. Atenção ‘gourmands’: é supervisionado pelos srs. Mario Bardi e Ivo Ostolfi, terminando no bar, ou na boite, onde quem dá a última palavra é o sr. Augusto Ariola”. 


Na minha família, há uma história folclórica que envolve a inauguração desse hotel. Uma tia, socialite, convidada para a inauguração, chegou com a devida antecedência (junto do marido e de um filho pequeno... e terrível) e hospedou-se.

Arivaldo Chaves / Agencia RBS
Entre as atrações, uma piscina térmica com água salgada do mar. Arivaldo Chaves / Agencia RBS


No salão de refeições, uma enorme mesa estava previamente preparada para o banquete. Pois não é que, num momento de distração do casal, o garoto subiu numa cadeira, depois na mesa, por cima da qual correu, em dasabalada carreira, mandando para o alto (e para o chão) pratos, cálices, talheres e tudo o mais. Conta a lenda que o moleque quase inviabilizou o jantar. Hahaha!


Esse hotel, com 50 apartamentos, para 300 hóspedes, teve, inclusive, uma piscina térmica com água salgada do mar. Que coisa! Tempos depois, no final dos anos de 1980, já sem o esplendor dos primeiros tempos, o empresário Ernani Dieterich ainda tentou fazer um upgrade e adaptar uma ala como uma espécie de spa para a terceira idade


No início dos anos 2000, 90% dos hóspedes eram argentinos ou uruguaios. Mas nada foi capaz de impedir que o hotel fosse entrando em decadência rumo ao fechamento e, finalmente, à demolição, que ocorreu em 2006. Ficaram apenas as lembranças.

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