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terça-feira, 27 de agosto de 2024

Historias de Capão da canoa

 Depois de 95 anos, o verão de 2023 foi o último do Hotel Bassani, tradicional empreendimento de Capão da Canoa, no Litoral Norte. O local era conhecido por suas festas e por hospedar as participantes do concurso Garota Verão. Inaugurada em 1928, a operação foi encerrada pelos sócios, o12 n total, entre primos e tios. Todos concordaram com a decisão, já que pretendem se dedicar às suas carreiras individuais. 









Capão da Canoa em 1938




foto doada pela filha dos antigos donos da farmácia Panits que ficava na rua Sepé


praça central Agostineli centro de Capao de canoa

 


sábado, 8 de junho de 2024

HISTÓRIA DO NASCIMENTODE ATLÃNTIDA .

 Leandro Staudt

LEANDRO STAUDT

balneário de Atlântida foi construído no início da década de 1950. Em pouco tempo, virou um dos pontos mais badalados do Litoral Norte. Planejado pelo renomado engenheiro e urbanista Luiz Arthur Ubatuba de Faria, saiu do papel em projeto da Atlântida S.A. Balneários. A empresa foi fundada em 1951 por Antônio Casaccia, que logo atraiu vários acionistas.  

A história é contada em detalhes no livro Atlântida 60 anos, de Nélide Casaccia Bertoluci, editado por Leonid Streliaev em 2011. Filha do fundador, ela viveu com a família o sonho do pai. Em 1951, Antônio Casaccia era gerente das Lojas Renner. Quando procurou o patrão e amigo A.J. Renner para comunicar o plano, foi incentivado para deixar a empresa e realizar o Projeto Atlântida. Renner inclusive fez questão de ser o primeiro a colocar o nome na lista de acionistas.

Em 11 de maio de 1951, foi fundada a Atlântida S.A. Balneários. A venda de ações permitiu a comprada de terras ao sul de Capão da Canoa. A área à beira do mar fazia parte do município de Osório. Curiosamente, quando começaram a observar a construção do balneário, moradores da região batizaram o empreendimento de "Praia dos Renni", imaginando que o comprador era apenas A.J. Renner. Em menos de dois meses, 250 terrenos foram vendidos pela empresa.

Ubatuba de Faria já tinha feito outro projeto para urbanização da região em 1939, também denominado Atlântida. No livro, Nélide, falecida em 2023, afirma que foi uma grande coincidência, porque o pai desconhecia o plano anterior quando procurou o urbanista para construir a Atlântida gaúcha. O nome foi inspirado em balneário homônimo do Uruguai.

O novo balneário foi pensado com lotes maiores do que em outros loteamentos litorâneos e mais áreas verdes. As obras começaram ainda em 1951, com as construções da Avenida Central, da estação de tratamento de água, da usina geradora de energia elétrica e do Hotel Atlântida, que seria âncora do empreendimento.

Imagine a complexidade da obra em meio às dunas na época. Faltava comércio de material de construção próximo, telefonia e acesso direto por estrada. Com dinheiro disponível e pressa, o projeto andou rápido. Em 1952, as ruas do entorno do hotel já recebiam iluminação pública. Moderna caixa d´água foi construída em meio às dunas. A Atlântida S.A. ficou responsável pelo tratamento da água captada na Lagoa dos Quadros.

Inaugurado em 27 de dezembro de 1952, o Hotel Atlântida foi erguido em 209 dias pela empresa Toigo Engenharia, com orientação dos arquitetos Mauro Guedes de Oliveira e Ricardo Perrone. O projeto foi escolhido em concurso de arquitetos. O prédio do velho hotel já foi demolido.

Em julho de 1953, Antônio Casaccia estava à frente de outra empresa. A Telesul, fundada para oferecer comunicação por micro-ondas, seria encampada mais tarde pela Companhia Riograndense de Telecomunicações (CRT). Com o novo serviço, era possível telefonar para o hotel de Atlântida. 

Casaccia, o fundador de Atlântida, morreu em 1971. Marise Casaccia Soares, a filha caçula, nasceu em 1951, mesmo ano do início da construção do balneário. Lembra que nos primeiros anos a família ficava no hotel, até o pai construir uma casa.

Atlântida hoje pertence ao município de Xangri-lá.

segunda-feira, 3 de junho de 2024

 Emancipação

O povoado Capão da Canoa era o sexto distrito de Osório, tendo como sede a Vila de Cornélios. Quando esta, devido ao seu atraso econômico, passou a povoado, Capão da Canoa tornou-se a sétimo distrito de Osório, evidenciando seu desenvolvimento. Isso aconteceu em 08 de Outubro de 1958.
Na década de 1960, Tramandaí liderou um movimento emancipacionista convidando políticos e empresários caponenses a aderirem à criação de um único município. Não houve interesse em se desligar administrativamente de Osório.
Posteriormente, foi criada uma Comissão apolítica para estudar o problema. As exigências legais para a emancipação eram de renda e população, o que levou a diversas tentativas junto aos representantes de Terra de Areia e Itati. Era Prefeito de Osório Leonel Mantovani que deu seu apoio. Um comício realizado no Cine Riograndense alcançou grande sucesso e adesões à teoria emancipacionista.
Durante este período, foi eleito prefeito de Osório Romildo Bolzan, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), que foi contra a emancipação dos distritos. Apesar dos esforços petebistas de Luiz Bassani, Manoel Nunes da Silveira e Gilberto Bassani, houve divisão na população, resultando 200 votos contra a emancipação. Nos outros distritos, o resultado também foi negativo. Consta que a Prefeitura de Osório mandou maquinário para atender as reivindicações de Terra de Areia e Itati, além de ensaibrar quase todas as ruas do bairro Santa Luzia em Capão da Canoa. Dias antes do plebiscito, faleceu repentinamente José Agostinelli, um dos lideres emancipacionistas.
O segundo movimento pró-emancipação reuniu uma Comissão formada por Angelo Maggi Boff (Presidente), Oliveira de Souza Monteiro, Cláudio Czarnobai, Cláudio Manoel Martins, Luiz Cesar Maggi Bassani, Edmundo Jacó Porto Preto e Martinho Jovino Espíndola. Após exaustivas demandas, Capão da Canoa emancipou-se de Osório, em 12 de Abril de 1982, através da Lei 7.638, sancionada pelo então governador Amaral de Souza. A emancipação trouxe resultados positivos para o novo município, com um significativo desenvolvimento econômico.
*Documento redigido por Ramiro Correa da Silva, cedido por Ernani Dietrich, Setembro 2004.
*Fonte Livro Origens de Capão da Canoa 1920-1950 de Mariza Simon dos Santos.
EGON BIRLEM
O primeiro prefeito de Capão da Canoa, foi Egon Birlem, a posse foi em janeiro de 1983. Egon Birlem foi prefeito duas vezes de 1983 a 1989 e depois 1993 a 1996,

terça-feira, 28 de maio de 2024

 Hotel Pedro Nunes - Capão da Canoa (RS)

Data: 1922
Sabe-se que, o primeiro hotel de Capão da Canoa foi o Bonfiglio, que passou a ser Hotel Grizza e por último foi transformado em Hotel Atlântico,
Então um dos primeiros três hotéis de Capão, juntamente com o Hotel Menger, foi o Hotel Pedro Nunes, que era tão simples, que, até a placa da fachada foi pintada por um hóspede.
Foto cedida por Pedro Ruby Prestes.
Fonte; Fotos Antigas do Estado do Rio Grande do Sul.
Nenhuma descrição de foto disponível.

PADARIA SÃO JOÃO.

 Uma doce recordação, padaria São João...

 

  

Na prateleira dos cigarros, não há mais maços. No balcão envidraçado da caixa registradora, poucas caixinhas de chicletes e doces repousam. Nos refrigeradores resta uma dúzia de bebidas. Pelas duas portas do estabelecimento, localizado na esquina das avenidas Paraguassú e Poti, entram e saem pessoas carregando sacolas de pães, como de praxe. Poucas sabem que será a última vez que sairão dali com cacetinhos frescos, bolos de cenoura, roscas de polvilho, tortas, frios fatiados e outros produtos. Despedem-se sem saber. Imaginam que no dia seguinte terão o mesmo pão francês para o café da manhã. A tarde ensolarada de 23 de outubro de 2014 passa como se fosse uma quinta-feira qualquer. Mas não é. Logo mais, às 20h15, as portas serão fechadas para não abrirem mais. A mais antiga e tradicional padaria do centro de Capão da Canoa, a São João, se despede dos caponenses, depois de 59 anos de atividade.
A primeira padaria São João foi aberta em 1955, na avenida Poti, muito próximo da esquina com a avenida Paraguassú, onde João Alves Diniz, o baiano, construiu o futuro prédio. Foto: Acervo pessoal da família Diniz.
A decisão de encerrar os trabalhos não é nova. Há seis anos, quando faleceu João Alves Diniz, o baiano, que fundou a padaria em 1955, os filhos cogitaram a ideia de fechar o local. No entanto, continuaram. Depois, há dois anos, quando um dos irmãos, Sérgio, também faleceu, pensou-se novamente em terminar os serviços. “Neste ano veio uma boa proposta para vender o prédio e acabamos aceitando, em acordo conjunto entre todos”, explica uma das proprietárias Maria Elisa Diniz, conhecida por todos como Mariza da São João.
A construção do prédio data por volta do final dos anos 1960, quando Capão da Canoa ainda fazia parte de Osório. O edifício de três andares, onde vive parte da família Diniz, foi vendido para uma construtora local do município. O ponto de esquina será alugado até a entrega do imóvel em junho de 2015. Outros dois estabelecimentos do prédio, um açougue na avenida Poti e um chaveiro na avenida Paraguassú devem permanecer abertos até o ano que vêm. Para o dono do açougue, Vilmar Manuel Marques, de 57 anos, o fechamento da São João afetará o seu negócio que tem mais de 30 anos. “Vou esperar para ver como será o movimento, porque o meu cliente é o mesmo da padaria”, comenta receoso o açogueiro. Já o chaveiro, há dez anos no ponto, ainda não tem o futuro endereço.
Na década de 1960, a padaria espichou seu prédio até a esquina avenida Paraguassú. Nesta época, os sorvetes artesanais do pai da família, João Alves Diniz, o baiano, já eram sucesso na região. Foto: Acervo pessoal da família Diniz.
“Cansaço”, definiu Mariza, de 63 anos, os quais 50 dedicou ao trabalho na confeitaria. Ela é a segunda mais velha dos seis filhos de João. “Eu tinha nove anos e o Sergio, meu irmão abaixo de mim, tinha sete, quando vendíamos na rua os sonhos [de doce de leite] que meu pai fazia no antigo Hotel Rio-grandense”, relata a confeiteira. Com a morte da mãe, Elvira, em 1964, aos 48 anos, devido complicações no coração, Mariza acabou assumindo a criação dos irmãos muito cedo, com apenas 12 anos de idade. “Não tenho hobby. Tudo que eu fiz na vida foi voltado para a padaria”, conta Mariza, que não se casou e nem teve filhos.
Uma pequena casa de alvenaria na avenida Poti, quase esquina com avenida Paraguassú, foi o primeiro endereço da São João. “Gêneros alimentícios em geral”, anunciava a pintura na parede. “Nessa época, o baiano (João Alves Diniz) usava forno de barro para assar os pães”, recorda Elisabete Diniz, de 60 anos, sendo 37 deles vividos dentro padaria. “Bete”, como é conhecida, é viúva de Sérgio e permaneceu trabalhando com a família depois da morte do marido. “Quando eu cheguei para trabalhar aqui, se vendia de tudo dentro da padaria, como um mini-mercado”, relata.
Em 1960, a casa foi estendida até a esquina da avenida Paraguassú. Nessa época, baiano começou a produzir sorvetes artesanais que eram um sucesso na praia. “O sorvete de abacate era o melhor da praça”, lembra o padeiro mais antigo da São João, Ildo Luis Nunes, no ofício desde 1973.
Entre os herdeiros de baiano, no total oito filhos, seis do primeiro casamento e dois do segundo, todos passaram pela padaria, ajudando de alguma forma. Dos quatro filhos de Bete, apenas Marilia, de 26 anos, seguiu a tradição e ficou até o fechamento. “Eu cresci brincando e ajudando minha mãe e meus tios aqui dentro da padaria”, explica a neta de baiano. Marilia conta que pela idade da padaria, muitos clientes cresceram frequentando o local e hoje trazem filhos para visitar a padaria. “Não adianta. A gente tenta esconder um pouco a emoção, mas acaba se apegando ao lugar e aos clientes”.
Na década de 1970, o prédio tornava-se um ponto de referencia em Capão da Canoa, que no verão vê sua população triplicar. Cena comum do verão era a fila do pão francês sair pela calçada. Foto: Acervo pessoal da família Diniz.
Nenhum aviso nas portas do estabelecimento informou que a confeitaria seria fechada. Há cerca de um mês, o boato começou a correr de boca-a-boca. Aberta de segunda a segunda, inclusive em feriados, os clientes mais fiéis e amigos da família já tinham conhecimento do fato. Mas a maioria foi pega de surpresa quando Marilia, que estava sentada no caixa, dava a notícia ao devolver o troco: “Então, hoje é o último dia”, anuncia a jovem. “Sério? Mas onde eu vou comprar meu pão agora?”, indaga o aposentado de 80 anos. “É uma pena! O atendimento era muito bom”, comenta o senhor, que há 12 anos é cliente da padaria. Outro cidadão, menos elegante, para em frente ao caixa: “Me vê um Marlboro azul!”, “Não temos mais cigarro”, responde Marilia. “Ah! Não tem? Vão quebrando devagarinho então”, brinca o homem, que sai porta fora. Marilia ri. Até porque, não há mais nada a dizer.
Embora o fechamento tenha desagradado muitos clientes, Mariza é enfática: “Chega uma hora que é preciso parar e descansar”. E, de fato, não há outra motivação. Durante toda a tarde do último dia de funcionamento, o movimento das vendas foi igual a qualquer dia de inverno. “Três fornadas pela manhã, mais cinco à tarde”, explica Mariza. Ao todo, são mais de três mil cacetinhos assados todos os dias no forno à lenha “Ultra-vulcão”. No verão, a produção triplica, pois a fila do pão chega a sair para a rua e se estende pela calçada.
Para Mariza, o sucesso da São João se dá pela tradição do produto. O pão francês, carro-chefe da padaria, é assado da mesma forma há anos. “Nunca vendemos pão congelado. É mais simples de fazer, mas não é a mesma coisa”, argumenta a confeiteira. E os clientes concordam. Daqui pra frente, o pão não será mais o mesmo.
*Matéria publicada originalmente na página 4 da edição de 30 de outubro de 2014 do jornal Momento (Osório-RS).
 
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recordação... Padaria São João do Seu Baiano.


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